17.4.08

Acto Pendente...


A minha vida está pendente... O amor por viver, as decisões por tomar, a paz por alcançar... Tudo se passa nos “entretantos” de algo que está por vir... A espera é simultaneamente o desenrolar da peça cheia de drama e o ensaio para o verdadeiro espectáculo. A actriz principal anseia por finalmente pôr em prática o seu talento: as lágrimas, as gargalhadas, as expressões de contentamento e paixão. Enquanto isso vive o vazio dos bastidores sem contracena, num monólogo longo e fastio...
O encenador parece brincar com as personagens e com o enredo, dando reviravoltas estrondosas e criando situações tragicamente coincidentes... Até parece gozar, divertir-se com o caricato dos acontecimentos...
E eu lá vou sendo levada, arrastada para um turbilhão de didascálias sem piada, sem emoção... Todas elas se resumem a um bando de indicações sem rumo, sem nexo, sem valor...
O dia da estreia chega finalmente! As personagens estão prontas, o cenário perfeito, a plateia ansiosa e atenta... Depressa os aplausos se atropelam e o pano cai... Afinal aquele ensaio nada mais era que a verdadeira Peça: com sorrisos, lágrimas, abraços, tropeções... Os actores exaustos, a protagonista desgostosa, o cenário podre... A Peça acabara sem darem por ela... Os actos sucederam-se entre tempestades e dias radiosos... Ficam na lembrança os ensaios partilhados entre os actores, a regência do encenador louco, mas justo...

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