18.4.08

Tempos Modernos... Mulheres Modernas...


“A solidão é o preço que temos de pagar por termos nascido neste período moderno, tão cheio de liberdade, de independência e do nosso próprio egoísmo...”

(Soseki Natsume - Pobre Coração dos Homens)



Este mesmo tempo moderno também impõe à mulher não estar sozinha, não ser “encalhada”... As mulheres que optam por não ter ninguém a seu lado, ou que, por infortúnio (lol), são deixadas ao abandono, não conseguem escapar ao estigma da desquitada, da mal-amada, da solteirona, da que fica para “tia”... Até as próprias amigas demonstram a sua pena quando aquela amiga solteira, que nem um PSO[1] tem para lhe aquecer a cama, resolve passar o fim de ano com mais duas amigas nas mesmas circunstâncias...
O que será preferível? Um reveillon com amigas solteiras recheado de boa comida, bebida e música para exercitar o esqueleto, ou outro com a companhia do namorado, quase marido, que acaba por ressonar às 23:30 e nem brinda connosco ao Novo Ano???
Discutível... Possivelmente a solteira preferiria ter uma companhia; a quase casada daria um rim para estar na festa com as amigas...
É esta a nossa natureza, basicamente... Falo com experiência, já vivi as duas...
Quando não estamos preparados para entrar de cabeça (corpo e alma...) num relacionamento, o melhor mesmo é aproveitarmos a solidão, império da consciência, e nos conhecermos... Este é um grande passo para a descoberta do outro. Enquanto o nosso Ego for um desconhecido para nós próprios correremos sempre um enorme risco de naufragar... Não que tenhamos de nos privar dos tombos, pelo contrário, mas é necessário se conhecer para se poder dar a conhecer.
No fundo, no fundo, todos nós procuramos uma testemunha para a nossa vida: alguém com quem partilhar as vitórias, alguém que acompanhe os nossos fracassos, alguém que, mesmo não tendo a capacidade de evitar os nossos tropeções, nos ajude pelo menos a levantar depois da queda...
A fé em encontrar correspondência a esta nossa busca, mantém-se infrangível, ainda que todos nos considerem ingénuas, demasiado românticas, ou até mesmo imbecis...



“É-nos possível viver sozinhos, desde que seja à espera de alguém...”
(Gilbert Cesbron)



[1] PSO: Prestador de Sexo Ocasional (sigla brilhantemente inventada por uma amiga)

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